Piscina segura: um cuidado que protege vidas e fortalece a reputação do seu hotel
- Karin Freitas

- 12 de nov.
- 5 min de leitura

Você já parou para pensar no quanto uma piscina segura representa o compromisso com o bem-estar do seu hóspede?
Ela pode ser o cenário de momentos inesquecíveis — ou de grandes preocupações, se faltar atenção à segurança.
Ter uma piscina bonita e bem cuidada é um diferencial importante para qualquer hotel — mas, mais do que estética, ela precisa ser segura.
Uma piscina mal monitorada pode colocar em risco a saúde e a vida dos hóspedes, além de comprometer seriamente a reputação e a operação do hotel.
Cuidar da piscina é cuidar de pessoas
A manutenção da piscina vai muito além da estética. Ela é parte da experiência do hóspede — e da responsabilidade da gestão.
Uma água maltratada pode causar irritações e infecções. Um piso escorregadio ou um ralo mal instalado pode provocar acidentes sérios (muito sérios!).
Esses riscos sempre têm um custo alto: abalam a confiança e colocam a reputação do hotel em jogo.
Ter uma piscina segura não é apenas uma exigência legal — é um compromisso com a integridade física e emocional dos hóspedes.
E o melhor é que a prevenção está ao seu alcance. São ações simples, mas que exigem constância, atenção e o envolvimento da equipe. Alta temporada chegando, é oportuno prestar atenção no tema!
O primeiro passo: garantir a qualidade da água
A aparência da água pode enganar. Mesmo límpida, ela pode conter microrganismos invisíveis que colocam em risco a saúde do hóspede.
Por isso, o controle da qualidade da água deve ser feito todos os dias, com o apoio da equipe de manutenção.
Você provavelmente já tem uma rotina de limpeza, mas vale reforçar: o controle químico regular é indispensável. A legislação exige anotação de responsabilidade técnica sobre o tratamento químico da água.
O ideal é que o hotel tenha um procedimento operacional padrão, um POP para o tratamento da piscina — com tarefas, frequência e responsáveis definidos.
O que deve ser monitorado:
pH – deve estar entre 7,2 e 7,8. Um pH desequilibrado pode causar irritação na pele e nos olhos e reduzir a eficácia do cloro.
Cloro livre – o ideal é mantê-lo entre 1 e 3 ppm (partes por milhão), suficiente para eliminar bactérias sem causar desconforto.
Alcalinidade total – o equilíbrio entre 80 e 120 ppm evita variações bruscas no pH.
Transparência e cor da água – a água deve permitir a visualização do fundo da piscina.
Presença de resíduos – folhas, cabelos e sujeiras devem ser removidos diariamente com peneira e aspiração.
Como realizar os testes
A equipe pode utilizar kits de teste rápidos, facilmente encontrados em lojas especializas e no mercado online.
Esses kits vêm com reagentes líquidos ou tiras indicadoras que mudam de cor conforme a concentração de cloro e pH da água.
O processo é simples:
Coletar a amostra da água a cerca de 30 cm de profundidade.
Adicionar o reagente conforme o tipo de teste.
Comparar a coloração obtida com a escala do kit.
Registrar o resultado em planilha de controle.
Esse registro é essencial, pois permite acompanhar tendências — como variações de pH e consumo de cloro — e agir preventivamente.
Além disso, cada ajuste químico (adição de cloro, redutor de pH ou algicida) deve ser feito com base nesses resultados, nunca “no olho”.
Dica da Boni Alguns hotéis já adotam tecnologia para medir esses parâmetros em tempo real — uma solução prática que ajuda a garantir que a piscina esteja sempre pronta e segura para uso. Se possível, invista em um sensor automático da qualidade da água. Eles monitoram continuamente os parâmetros químicos e enviam alertas quando algo foge do padrão. Isso facilita o trabalho da equipe e aumenta a confiabilidade do sistema.
Segurança começa na estrutura
Quando falamos de segurança, não é apenas o tratamento da água que importa. A estrutura física da piscina também fala muito sobre o cuidado do hotel com o hóspede.
Observe alguns pontos essenciais:
O piso deve ser antiderrapante, tanto no deck quanto no fundo da piscina.
Degraus e bordas precisam ser arredondados para evitar cortes e machucados.
Instale barreiras de acesso — como cercas ou portões — para impedir que crianças ou pessoas desacompanhadas entrem na área.
A profundidade deve estar claramente sinalizada em pontos visíveis.
Ralos antiaprisionamento evitam que cabelos ou roupas sejam sugados.
E, claro, tenha um botão de emergência visível e de fácil acesso, capaz de interromper a circulação da água se necessário.
Esses itens são exigidos pelas normas técnicas e representam um compromisso ético com a segurança de quem usa a piscina.
Escadas que inspiram confiança
Parece um detalhe, mas as escadas são pontos críticos de segurança.Elas precisam ser firmes, com corrimãos, degraus antiderrapantes e materiais resistentes à corrosão.
A norma ABNT NBR 9050 define dimensões seguras para acesso, e as escadas removíveis devem seguir os critérios da NBR 9077.
Em resumo: cada subida e descida precisa transmitir confiança, não insegurança.
E se algo acontecer?
Nem sempre é fácil falar sobre isso, mas é necessário.
Acidentes podem ocorrer, e a diferença entre um susto e uma tragédia está na preparação da equipe. Por isso, é importante:
Manter equipamentos salva-vidas próximos e em bom estado: uma bóia de aro com corda, um cabo com gancho e uma caixa de primeiros socorros.
Garantir que avisos e sinalizações (horário de funcionamento, profundidade, alertas de manutenção) estejam sempre visíveis e legíveis.
E, dependendo das exigências do seu estado ou município, considerar a presença de um guarda-vidas.
Mais do que cumprir uma regra, é uma forma de garantir tranquilidade — para o hóspede e para você.
O que dizem as leis e as normas
Pode parecer burocrático, mas conhecer a legislação evita dores de cabeça.
A Lei 14.327/22 define os requisitos mínimos de segurança para piscinas e responsabiliza os gestores em caso de descumprimento.
Grande parte dos estado do Brasil têm sua legislação própria, assegurando que medidas de prevenção seja tomadas como a presença obrigatória de guarda-vidas profissionais em piscina de uso coletivo, a obrigatoriedade de afixação de placas de orientação, obrigatoriedade da instalação de sistema antissucção, qualidade da água entre outras.
Há um Projeto de Lei 4.630/24 em tramitação, que pretende tornar obrigatória a presença de salva-vidas em estabelecimentos de hospedagem com mais de 70 quartos e piscinas, garantindo que estejam uniformizados, equipados e em local visível.
Já a ABNT NBR 10339 unifica todas as normas técnicas anteriores e detalha como projetar, construir e manter piscinas de forma segura.
A Resolução CFQ Nº 332/2025 exige a Anotação de Responsabilidade Técnica (ART) pelo serviço de tratamento químico de piscinas de uso público e coletivo (o que inclui piscina de hotel) e fiscaliza por meio do Conselho Regional de Química de cada região.
Um ponto crítico: os drenos. Eles devem ter grades anti-aprisionamento e sistemas que evitem o risco de sucção, com um mínimo de 2 ralos e tampas de anti-aprisionamento e precauções de desligamento do funcionamento da bomba.
Além disso, as áreas técnicas precisam ter botão de emergência acessível e acesso restrito à equipe de manutenção.
O ECA, o Estatuto da Criança e do Adolescente, também prevê que crianças menores de 12 anos devem estar acompanhadas por seus responsáveis em atividades de lazer (como piscinas), a menos que haja indicação contrária.
Em resumo: segurança é confiança
Cuidar da piscina é um ato de respeito e profissionalismo.
Um hóspede talvez nunca perceba o tipo de grelha usada no ralo ou o nível de pH da água — mas ele percebe quando o ambiente transmite segurança.
E isso se traduz em confiança, avaliações positivas e fidelização.
Por isso, olhe para sua piscina com um novo olhar: ela é um reflexo direto da gestão do seu hotel.
Quando a segurança está em dia, o hóspede relaxa, a equipe trabalha com tranquilidade e o hotel reforça sua imagem de cuidado e excelência.
Na operação
Informe para seus hóspedes, de maneira visível, a profundidade da piscina, o horário de funcionamento e a afirmação de que não há guarda-vidas presente na piscina (se esta for a sua situação), além da proibição da entrada de crianças menores de 12 anos desacompanhados dos pais ou responsáveis.
Preparamos aqui na Boni, uma planilha de inspeção diária para ajudá-lo a aplicar as boas práticas!




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